"Os livros são as melhores provisões que encontrei para esta humana viagem." (Montaigne)
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
lei da separação
para o dr. manuel sá marques
com um abraço de fraternal amizade
de afonso cruz, o mundo
ficamos sempre na expectativa com o título. só que o título é um pequeno nada quando se lê esta história, o último livro do escritor português afonso cruz, e que se chama "o pintor debaixo do lava-loiças". entre o que poderá ser a realidade, o espaço geográfico do mundo do pintor josef soers, isto é, ivan soers, e o espaço geográfico da infância do escritor afonso cruz, há um ponto em comum: a estética. se em ivan soers nos surgem reflexões estéticas à volta do que poderá ser a arte, em afonso cruz, através da personagem wilhelm, surgem-nos reflexões sobre o que poedrá ser a literatura. se logo no início nos surge a justificação desta história, na medida em que "as histórias não podem ser engarrafadas sem que se estraguem rapidamente", até porque elas "têm de andar ao ar livre como os animais selvagens", o que se deve fazer com as histórias é que "temos de as soltar para que possam correr todas nuas, digamos, libertas, sem preconceitos"; e, para além das reflexões estético-literárias, perante a ironia e o humor, afonso cruz oferece-nos reflexões éticas e existenciais, seja sobre o amor, a guerra, a morte, a interioridade do humano, sobre o tempo, transmite-nos uma ideia de portugalidade, enfim, a transcendência do mundo em nós, melhor, aquela in-transcendência para além daquele projecto de soers e que se chamava "museu das coisas inúteis". neste livro nada é inútil. há frases e pensamentos que podemos não concordar com eles, mas, como soers, reinventa-se o mundo, nós mesmos podemos reinventar e redesenhar esteticamente o mundo em nós para sermos outros nele. na mensagem de soers-cruz, de que "a felicidade é quando nos esquecemos da infelicidade em que vivemos", vai precisamente ao encontro do que acabo de dizer. reproduzo num pequeno filme a capa e três desenhos de afonso cruz, com a sua devida permissão, outra riqueza deste livro, cheio de olhos, abertos e fechados, para vermos melhor o mundo, diga-se, a escrita enquanto mundo de uma in-transcendência que se eleva.
domingo, 21 de agosto de 2011
100 anos constituição da república
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
portuguesia 5.ª edição
xosé vázquez pintor
Considerado uma das vozes mais originais da literatura galega, herdeiro cultural e literário de Rosalía de Castro, Xosé Vázquez Pintor nasceu em Melide (1946) e é o criador de uma obra literária repartida pelos mais variados géneros: desde a poesia, a narrativa, o ensaio de carácter antropológico, passando pelo teatro e até pela literatura infanto-juvenil. Ganhou vários prémios, nomeadamente Eduardo Pondal, Cidade de Ourense, Esquío, Uxío Novoneyra, Carvalho Calero, Torrente Ballester (que é exemplo o livro que aqui se destaca, A memoria do boi) e Premio da Crítica Española. Relativamente ao teatro, fundou os grupos Ancoradouro e Casa da Bola em Cangas, onde reside. Colabora frequentemente na rádio e na imprensa, tendo sido membro fundador do semanário A Nosa Terra. O jornalismo tem sido a sua grande paixão de sempre, tendo colaborado em jornais como El Ideal Gallego, Faro de Vigo, La Voz de Galicia, SER-Galicia, participando num programa televisivo semanal na televisão de Morrazo. Do livro que leio, deste escritor galego que já foi homenageado em 2008 pela Associação de Escritores da Língua Galega, de leitura apaixonante, cito: "Non hai silencio, porque o silente aquí tamén é culpa das lembranzas... a estima está e segue a vida, o alimento, o futuro." O silente em silêncio de si próprio. Agradável esta palavra: silente! somos seres em silente, somos seres do silente sem silêncio.terça-feira, 9 de agosto de 2011
entre a monarquia e a república
A Capital (27 Ago. 1910).
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
slavoj zizek
domingo, 7 de agosto de 2011
slavov zizek

sexta-feira, 5 de agosto de 2011
camilo e os seus mistérios de lisboa

quinta-feira, 4 de agosto de 2011
john rawls e a filosofia moral


John Rawls - História da Filosofia Moral. org. Barbara Herman; Trad. Ana Aguiar Cotrim. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
josé saramago

domingo, 31 de julho de 2011
pensar a república e portugal
quarta-feira, 27 de julho de 2011
antónio pina

E quando chegares à dura
pedra de mármore não digas: «Água, água!»,
porque se encontraste o que procuravas
perdeste-o e não começou ainda a tua procura;
e se tiveres sede, insensato, bebe as tuas palavras
pois é tudo o que tens: literatura,
nem sequer mistério, nem sequer sentido,
apenas uma coisa hipócrita e escura, o livro.
Não tenhas contra ele o coração endurecido,
aquilo que podes saber está noutro sítio.
O que o livro diz é não dito,
como uma paisagem entrando pela janela de um quarto vazio.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
alain tourraine

sábado, 23 de julho de 2011
artur coimbra

depois de amanhã levo a rosa
deposito-a em teus lábios ao cair da tarde
escrevo com o poema um grito de maio
no chegar manso da noite a rosa
levada ao calor da boca
artur coimbra e major miguel ferreira

o dr. artur sá da costa salientou a objectividade científica do historiador artur coimbra, ramificando a historiografia fafense com a do país. salientou do major miguel ferreira a "integridade moral e a coerência política" contra "o chico espertismo" de hoje, salientando a personalidade do major miguel ferreira como sendo o símbolo da conviência democrática. relativamente ao dr. artur coimbra, o dr. artur sá da costa focou a cumplicidade deste ao longo dos anos com as actividades culturais do município famalicense, integrando-se, ao mesmo tempo, na actividade cultural fafense. a investigação histórica, no caso do dr. artur coimbra, para a renovação da historiografia local no seu contexto nacional, na abordagem de novas temáticas e nas relações entre o poder local e as universidades, assim como a implementação de novos equipamentos culturais, são, nada mais nada menos, do que conquistas do poder local. o mesmo aconteceu em fafe. de seguida, o dr. artur sá da costa, realizou uma análise das relações do major miguel ferreira com os oposicionistas democráticos de braga, os quais, de influência marxista, rompiam, entretanto, com os velhos republicanos, mas admirando sempre o major miguel ferreira. aliás, citando lino lima, o major miguel ferreira possuía a "qualidade e a coragem, um compromisso que admirávamos." terminou com o repto de nos 40 anos das comemorações de abril se realizar a homenagem aos democratas de braga e, na sua convergência, com os republicanos, e com todos aqueles que se mantiveram fiéis aos seus princípios em louvor da democracia, num congresso que reúne vários munícipios, os museus e as universidades.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
major miguel ferreira
quarta-feira, 20 de julho de 2011
pascoaes e espanha
"Sabíamos que Pascoaes tinha viajado por espanha e que tinha amigos espanhóis, mas não imaginávamos a extensão deste volumoso epistolário. São várias dezenas os interlocutores, uma boa parte dos intelectuais espanhóis da época, com o resultado de mais de trezentas cartas (entre o mais nutrido elenco contam-se as cinquenta e quatro de Maristany e as dezanove de Unamuno) ao longo de quase meio século de correspondência. Começam cronologicamente em 1905 com as cartas de Unamuno, e pensamos que foi este quem o introduziu no círculo de amizade dos outros espanhóis. / Até 1913 não conhecemos o segundo interlocutor, um destacadíssimo iberista catalão, Ribera i Rovira. Depois, ininterruptamente até 1952, vão aparecendo mais e mais interlocutores, mais de setenta. É meio século de correspondência, na qual se destacam os intelectuais da periferia, galegos e catelães, como uma temática bastante monocórdica: nacionalismo, saudade-anyorança, paisagem, união cultural, atlantismo com a Galiza. Por outro lado, com a cortesia mais requintada impera o vaidoso interesse de ver publicadas, traduzidas ou comentadas as obras respectivas (quando é o caso). Um aspecto que subjaz a esta correspondência é a profunda admiração e respeito de todos os interlocutores que conheceram Teixeira de Pascoaes, destacando-se aqueles que o visitaram em Amarante (é o caso de Unamuno e Eugenio D`Ors, por exemplo). / Há nomes importantes entre os seus interlocutores: Unamuno, D`Ors, Ribera i Rovira, Noriega Varela, Díez-Canedo, Eugenio Montes, Cases-Carbó... (para não mencionar já Garcia Lorca ou Leopoldo Panero, ainda que minimamente representados neste epistolário."terça-feira, 19 de julho de 2011
pascoaes em espanha

segunda-feira, 18 de julho de 2011
camilo e o porto iii


E é por isto mesmo que o Porto, espremido desde o vasto estabelecimento de Simão Duarte de Oliveira até ao tabuleiro de lumes pronto de reportórios do garoto da Porta de Carros, não transpira uma revista. Nos bailes está a filha do burguês, tipo degenrado de espadaúda minhota a fingir-se compleição nervosa e estremecida. No teatro é a mesma mulher, sempre deslocada, artificial e sonolenta. Na missa dos Congregados é a beata que pretende alinhar-se com um relicário Angélico meditado, decorado e repetido em casa pela mãe com várias explicações ricas de erudição das Horas Marianas. / A mulher do Porto, por consequência, vive só do seu vestido, do seu bracelete e do seu chapelinho de sol vermelho com grandes franjas amarelas. Groseeiramente requestada com cartas do estilo sirva-se vmc. entregar por esta minha ordem, a mulher daqui ignora rudemente as subtilezas do ideal, as preguiças amorosas que - diga-se aqui a própria verdade - são e serão sempre a douradoura das afeições. Aqui namora-se para casar: casa-se para ter filhos, que ordinariamente são as caras dos pais. Benza-os Deus!
De vez em quando, aparece uma cabeça de fogo a querer sevar-se de chamas no meio deste glacial reservatório das cabeças de pedra. Homens que não estudam o valor específico desta sociedade portuense metem-se a tratá-la com o coração viçoso e anelante: morrem na alma ou matam-se no corpo. É por isso que na semana passada um homem desespera dos recursos íntimos da coragem, não pode esquecer a mulher que o enganam não pode mesmo perdoar-lhe - e, para memória eterna de vingança de homem, rasga a artéria radial, derrama sangue até às agonias da morte, e vai morrer silencioso como o Chatterton, quando a mão do acaso, identificada à mão dum médico, lhe estanca o resto do sangue, e o salva dum suicídio de Séneca inimigo de semicúpios. / A sociedade está assim encaminhada. Honrosas excepções - homens incapazes de magoar um calo por causa do abandono da mulher, eu vos saúdo, como a tais patuscos se deve!
Camilo, O Nacional (25 Fev. 1850)
suroeste

sexta-feira, 15 de julho de 2011
camilo e braga





















