sábado, 1 de janeiro de 2011

teilhard de chardin, cristo reinventado

Segundo o sítio http://www.broteria.pt a Faculdade de Teologia da Universidade Católica, no Porto, e a Associação dos Amigos do Padre Teilhard de Chardin, em Portugal, vão organizar um curso aberto sobre o teólogo e jesuíta Teilhard de Chardin. A minha primeira descoberta do seu pensamento foi com o livro organizado por Eusébio Colomer, com prólogo à edição portuguesa de Júlio Fragata, publicado em 1967 pela Livraria Tavares Martins, do Porto, sendo a tradução de Manuel V. Figueiredo. Adquiri o livro em em 23 de Dezembro de 1981 na Livraria e Papelaria Paços, de V. N. de Famalicão. Já não existe a livraria! Nada mais a propósito, deveria ter sido uma prenda a mim próprio! E foi uma prenda fantástica, porque o livro esta bem sublinhado. A leitura, portanto, foi bem proveitosa, com muitos apontamentos transversais, tais como, o ser humano enquanto pertença ao mundo espiritual e como ponto de partida, dou destaque, igualmente, ao personalismo de Chardin ou o seu «ser-para-viver». Mais apontamentos transversais: Bergson e Chardin, a questão da liberdade enquanto propriedade essencial da interioridade do humano, da ascendência do mundo para a transcendência, enfim, a relação da ciência com a fé, ou a metafísica da união... Pena foi não ter encontrado a tradução portuguesa do "Fenómeno Humano". Um livro emprestado, muitas vezes, é um livro perdido. Estarão presentes no curso Gérard Donnadieu, Michel Renaud, Alfredo Dinis e Vasco Pinto de Magalhães. Uma citação de Colomer sobre o pensamento de Chardin.





"A concepção teilhardiana do Cristo cósmico é muito rica, mas suscptível ao mesmo tempo de perigosas interpretações. É certo que pela Encarnação Cristo uniu-se ao cosmos, entrou a formar parte da sua história milenária e assumiu, santificando-a, uma fracção da sua matéria para não abandoná-la jamais. É também certo que o conjunto de todos os homens que gozam a vida divina da graça pertencem de algum modo ao Corpo Místico de Cristo, o qual esboçado no decorrer da história, se consumará no seu termo, quando os membros, unidos definitivamente com a Cabeça, formem o Cristo total e sejam, segundo uma expressiva fórmula de S. Agostinho: «um só Cristo a ver a Deus». Mas seria falso entender o Cristianismo cósmico de Teilhard no sentido de um «Pancristianismo» que concebesse o universo como uma espécie de corpo em que o Verbo encarnou. Não. A Encarnação pertence exclusivamente à humanidade de Jesus. É certo que o mundo foi por ele santificado, mas nem constitui uma encarnação maior, nem forma parte propriamente do Corpo Místico. Assim o entendia com certeza Teilhard de Chardin, ainda que levado do seu entusiasmo poético e abrasado de fervor místico, emprega mais de uma vez fórmulas ambíguas e perturbadoras. Do mesmo modo seria também erróneo interpretar «naturalmente» a insist~encia de Teilhard em repisar na realidade, por assim dizer, física e biológica do Corpo Místico, em vez de entendê-lo «sobrenaturalmente» como corresponde a um super-organismo real, em que os laços que vinculam os membros com a Cabeça são autenticamente vitais, mas não d aordem da natureza, senão da graça." (94-95)

leituras

nada melhor do que começar o ano de leitura com este romance policial do espanhol catalão pablo tusset, que, tal como montalbán o diz, e confirmo, é divertídissimo e, acrescento, de leitura aliciante, com reflexões do nosso quotidiano comum. acrescento, apesar de se ler muito bem, alguns erros, o que equivale a dizer que merecia uma melhor edição e não feita à pressa, pelo menos é o que parece. mas lê-se, enfim! uma leitura mais séria, e edificante, para percebermos o sentido de uma teologia política e uma filosofia política, a sua separação, entre a transcendência e o pragmatismo, o ensaio de mark lilla "a grande separação" leva-nos a perceber, precisamente, o porquê da libertação da actividade política perante a autoridade eclesiástica. um tema actual, devido, precisamente, às comemorações do centenário da república em portugal, devido, precisamente, à lei da separação entre a igreja e o estado, promovendo a liberdade das crenças e uma religião remetida ao privado, não colocando, contudo, em causa, a existência do cristianismo, pelo menos assim o pensava bernardini machado. um ano de boas leituras.