domingo, 22 de agosto de 2010

erasmo e o feminino

Este mundo louco do ser humano...
A mulher é um animal louco como nenhum, inepto, ridículo e delicioso que no convívio doméstico atenuaria a tristeza do engenho viril com a loucura feminina. E claro, quando Platão parece hesitar em incluir a mulher entre os animais racionais, nada mais pretende do que indicar a loucura ínsigne desse sexo. Quando por acaso uma mulher quer passar por sábia, não faz mais do que dizer que é duas vezes louca... Não porcedamos, pois, contra a natureza; o vício fica gravado quando dissimulado de virtude, por maior que seja o engenho. É bem justo o provérbio grego: um macaco é sempre um macaco, ainda que vestido de púrpura. Assim também a mulher é sempre mulher, quero dizer sempre louca, ainda que ponha uma máscara. / As mulheres não me podem levar a mal que lhes atribua a loucura, porque eu também sou, além de mulher, a própria Estultícia. Vendo bem as coisas, devem ser gratas à Estultícia que lhes permite serem muito mais felizes do que os varões. Têm graça da formosura, mérito que antepõe a todas as coisas, e que lhes serve para tiranizarem os próprios tiranos. O varão tem as formas rudes, a cútis híspida, a barba selvagem, e tudo isto o envelhece embora signifique sabedoria; as mulheres, com as faces sempre macias, a voz sempre doce, a pele sempre lisa, têm a seu favor os atributos da juvência perpétua. Por que optam elas nesta vida, senão por agradar da melhor maneira aos varões? Não é essa a razão de tantos cuidados, enfeites, banhos, perfumes, penteados, cosméticos, cremes, pinturas, de tanta arte no embelezamento do rosto e dos olhos? Não é a Loucura a deusa que lhes entrega da melhor maneira os varões submsissos? Que é que eles não prometem às mulheres, e que é que eles não lhes permitem? E tudo isto em troca de quê, senão da voluptiosidade? Quem permite todas estas delícias é a estultícia.
Erasmo