quinta-feira, 10 de junho de 2010

joão rubem



i.

... quebrar os velhos moldes da técnica poética.


ii.

Para ser Poeta, basta... ser Poeta.

E ser Poeta é «sentir» a arte e dar-lhe expressão, dinamismo, vida!

A técnica pouco importa - o que interessa é que saiam poemas.

Mas a escola, isto é, o substratum, a causa, o determinismo da Poesia é que tem de estar enquadrado no período histórico que atravesse ou que simbolize, e para isso tem que sair das normas inflexíveis do preconceito e do conformismo - para poder acompanhar a Evolução.


iii.

... o que há é Arte com A maiúsculo - natural, expontânea, intérprete do sentir individual ou colectivo e a arte enfezada, artifical, inútil, balofa e pretenciosa que sofisma por expressões retumbantes nas vazias de sentido, a Verdade, o simbolismo e a finalidade artística.
sanjusto



POEMAS O NOSSO EU
Poemas o Nosso Eu. Por Jodinal [Natalina Bastos]... [et al.]. Carta crítica aos autores [Luís] de San Justo [Jorge Gustavo dos Santos]. Porto: Edições Pensamento, [1935]. 69 p.


Este livro é constituído pelo grupo "Jovens Liras", que então colaboravam na revista portuense "Pensamento". O grupo era constituído por Natalina Bastos, a "Lira de Oiro" (assinava com o pseudónimo Jodinal), Kupertinu, a "Lira Irreverente (João Dinis Cupertino de Miranda, natural de V. N. de Famalicão, e, para além deste pseudónimo, assinava também os seus textos por João Rubem e Dinis Cupertino), José António de Castro, a "Lira de Invar" (assinava com os pseudónimos André Valmar, Kastru e Edgar Kastru), José Afonso de Castro Moreira (tinha os pseudónimos de Alfonso e Afonso de Castro Senda), Luís de SanJusto, a "Lira de Aço", Hanid Estela, a "Lira Confiante" (pseudónimo de Dinah Fontes Machado), Vinha dos Santos, a "Lira da Minha Ânsia", Armando Bacelar, a "Lira Indómita" e Maria Clarisse (que no livro em causa assina Klarisse, na nota de abertura, a seguir à carta crítica de SanJusto). Os quatro primeiros publicariam o livro "O Nosso Eu" com os pseudónimos Jodinal, Alfonso, Kastru e Kupertinu.


O que aqui nos trás é o caso paradigmático e singular de Kupertinu, João Rubem ou de Dinis Cupertino, melhor, João Dinis Cupertino de Miranda (1911-1993). Natural da freguesia do Louro, concelho de V. N. de Famalicão, era sobrinho de Artur Cupertino de Miranda. A sua actividade literária situa-se, particularmente, nos anos 30 e 40 do século XX, inserindo-se na corrente neo-realista. Particularmente, reconheço-o mais como ensaista do que como poeta, na divulgação das temáticas da nova geração que então desponta, o neo-realismo. Será particularmente com o pseudónimo João Rubem que colabora nas páginas literárias dessa mesma corrente estético-literária, tais como "Páginas dos Jovens" (Sintra), que dirigiu, "Ecos dos Jovens" (Sintra), "Secção Literária" (Vila do Conde), "Comércio dos Novos" (Póvoa de Varzim), "Do Espírito Literário" (Vila real de St.º António), "Página da Gente Moça" (Esposende), "Acção Literária" (Ponte de Sôr), "Lume Novo" (Viana do Castelo), "Boletim Literário" (Figueiró dos Vinhos) e colaborou igualmente em "O Diabo". Em toda esta ampla colaboração destaca-se inquestionavelmente o ensaista, principalmente na divulgação da literatura ficcional brasileira (Jorge Amado, Erico Veríssimo, etc), ou então os ensaios sobre a função e o papel da literatura na nova geração. Publicou "Poemas do Minho" (1942), "Secura" (1943), "Emoção" (1944), "Noite Escura" (1945), "Serenata" (1945) e "Mundo ao Vento" (1945).

congresso em braga