sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

alexandre teixeira mendes

do alexandre teixeira mendes, para além do que já disse na etiqueta anterior, há ainda a registar os dois livros de ensaios, o primeiro, do "verbo escuro", do qual fiz então um texto, que aqui coloco, e saiu publicado na época no "diário do minho", na sua página cultural das quartas, e "barros basto: a miragem marrana". "animal humano" são ensaios individuais mas que se interligam no conjunto analítico das temáticas.




"do coração fui julgando o que esmorece na treva do espírito confessei"





"Deve haver algo
Obstinado que perpassa obscuro
Nessas imagens do parco
Onde fixo a lucidez aúrea
A insensatez"




"Pergunta-se, porém, porque é que os seres humanos não podem viver sem ilusões? Não há que negar: estamos substancialmente ligados aos sonhos fragmentários e à ficção activa e constante."



do dia


hoje o dia nem correu mal. há dias assim. mas todos os dias correm bem, às vezes é que podemos andar mais além, noutro mundo, e depois descemos. e todos os dias correm bem, sem sombra de dúvida. logo de manhã foi a visita do amigo joão abreu, da academia das emoções, o primeiro emotólogo, já assim considerado. já aqui falei dele. fiel a si próprio. de carácter firme. amigo insubstituível. falámos de tudo um pouco, como sempre, deste mundo, da política e da cultura. e no fim falei-lhe da minha última leitura, de afonso cruz, que retrata muito bem a sociedade portuguesa, a qual está refém de si própria, necessitando de um grito de liberdade. a ideia foi esta, acho, se não foi, fica aqui transmitida. da leitura de afonso cruz e do seu último livro, pelo menos do que se leu até agora, chama-se "a boneca de kokoschka", registo a metáfora da gaiola: "Os pássaros ficavam encolhidos a um canto, tentando evitar olhar para aquela porta aberta, desviavam os olhos da liberdade, que é uma das portas mais assustadoras. Só sentiam livres dentro de uma prisão. A gaiola estavam dentro deles." imagem metafórica fabulástica da passividade da sociedade portuguesa. e depois temos as personagens, definindo-as assim, isaac dresned, pigmalião, bonifaz vogel, o metafísico, franz ackerman, o esteta, tsilia, a realista. temas que já apareceram: tempo, afecto, deus, liberdade, paraíso. de continuar simplesmente a leitura. e, antes disto tudo, há que referir o livro que entretanto vi no quiosque, as conversas com saramago de josé carlos de vasconcelos. claro, lá se comprou. mas de surpresas mais há até ao fim do dia. encontro o amigo serguilha, o nosso poeta metafísico, e cede-me o último livro dele, "korso", numa edição bem original da editora brasileira dulcineia catadora, publicado em 2009, assim como também a revista colombiana de poesia "arquitrave", o n.º 44, de agosto de 2009. joão rasteiro, na introdução, com o título "la poesía portuguesa hoy" fala de serguilha nos seguintes termos: "expulsa de sus textos la asociaciones lógicas y la lógica aristotélico-cartesiana, cultivando "los nexos descabellados y las incongruencias sintácticas y semánticas". Es una escritura que se oculta en un denso bosque de signos y que obligal al lector perdido a encontrar el camino de los significados, teniendo para eso que seleccionar y combinar las palabras a través de su sentido personal, de forma a encontrar un camino en el laberinto. La búsqueda de la vida y la muerte. La interminable búsqueda de la palabra que tortura y alimenta." serguilha aparece ao lado de poetas como tolentino mendonça, valter hugo mãe, josé luís peixoto, entre outros. mas continuava a haver ainda mais surpresas. tinha também um livro de alexandre teixeira mendes, do meu caro amigo alexandre, do porto, poeta e ensaísta, uma das vozes poéticas mais originais que conheço, e chama-se o livro "animal humano". do alexandre tenho outros, nomeadamente "dourada a têmpera", e "non omnis confundar". "dourada a têmpera" é o nome do seu blog na busca de um novo caminho poético, fora dos trâmites e dos cânones, tal como é o caso de serguilha. e a última surpresa do dia seria uma fotografia cedida pela amiga conceição lopes, claro, uma reprodução do original, com ela presente e outras duas pessoas que, e mais o fazedor deste blog, então trabalhava, trabalhavam na biblioteca da fundação cupertino de miranda. ainda era tão novinho...