quarta-feira, 2 de março de 2011

o desenvolvimento da instrução em portugal

Este livro merece um reparo e uma observação. O reparo diz respeito ao facto de Justino Magalhães, autor do livro em questão, incluir Bernardino Machado na denominada Geração de 70. Antes pelo contrário, Machado é mais da geração coimbrã de João Penha. A observação relaciona-se com a sistematização periódica do estudo: séculos XVIII a XX. Nesta sistematização temporal, a falha teórica de Bernardino Machado é imperdoável! Bernardino Machado foi dos poucos que estudou, de uma forma sistemática, o ensino em Portugal no seu tempo, entre a teoria e a prática, passando por todos os ramos de instrução para o desenvolvimento de Portugal. Citando apenas de Machado "O Estado da Instrução Secundária Entre Nós", publicado em 1882, é muito pouco para uma personalidade tão forte como Bernardino Machado que, no campo da instrução, desenvolveu uma actividade ímpar não só como campo teórico, como também, já o disse, na prática, bastando trazer à memória as suas reformas institucionais no campo da instrução enquanto Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria no governo de Hintze Ribeiro em 1893. A preocupação de Bernardino Machado foi sempre uma preocupação de um ensino sociabilizador, ultrapassando assim o evolucionismo, conforme Justino de Magalhães nos dá a entender na página 575, ao citar Machado nos seguintes termos: o "cérebro capaz de se determinar com conhecimento de causa em meio das circunstâncias ordinárias da vida". Machado não só ultrapassa o evolucionismo perante a sociabilização, como igualmente na ideia de cooperação social. E se em termos historiográficos do ensino em Portugal Justino de Magalhães fica só pela obra citada de Machado, numa altura em que já foi publicado pela Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, pelo Museu Bernardino Machado e pela Editora Húmus, três tomos da obra pedagógica de Bernardino Machado (o primeiro com uma introdução do Prof. Rogério Fernandes e os outros dois com textos introdutórios do Prof. Norberto Cunha), apenas significa a ignorância do sistema académico, possivelmente não por culpa do autor, mas cujo sistema continua fechado sobre si próprio! E quando Justino de Magalhães evoca a Escola Nova, bem poderia ter argumentado a sua perspectiva teórica com Bernardino Machado...




QUESTÕES INTRODUTÓRIAS

I
Modernidade, Educação, História
II
História da Educação
III
A escola como Objecto Historiográfico
IV
Para a História do Educacional Escolar
V
Historiografia da Educação e do Ensino em Portugal
HISTÓRIA DO EDUCACIONAL ESCOLAR PORTUGUÊS

I
Estatalização: do pombalismo à revolução de 1820 - alfabetização escolar
II
Nacionalização: liberalismo, portugalidade escolar
III
Governamentação: regeneração - sistémica e burocracia escolar
IV
Regimentação: do republicanismo ao Estado Novo - um colectivo escolarizado


DA CADEIRA AO BANCO
I
Constituição Educacional Escolar
II
Escola e Modernidade
III
Complexos Históricos-Pedagógicos: transversalidades/nacionalidades
IV
Ciclos de Modernização Escolar no Brasil
V
Escola e Modernização da Sociedade