domingo, 6 de março de 2011

kazantzaki e zorba


um hino à vida, no seu melhor e no seu pior...




zorba, o grego

mitologias camilianas - sob a tutela de aquilino

escrevo aqui as primeiras linhas de um trabalho ainda inédito sobre a interpretação de aquilino relativamente a camilo, argumentando com harold bloom, bigotte chorão, josé régio, paul de mann, a. do prado coelho, paul ricoeur, entre tantos outros.


Partindo do princípio que o que preocupa Aquilino Ribeiro enquanto crítico e leitor omnisciente e consciencioso de Camilo é o desvelamento textual do mundo camiliano, entre a interioridade do texto como autor e narrador, e, por outro lado, a exterioridade na categoria do biográfico, situa-se aqui Aquilino enquanto leitor interpretativo. Assim nos evidencia para além da questão do meramente biográfico, definitivamente rompendo com a geração romântica de 1925 - porque não aqui evocar Bigotte Chorão, para o qual cuja geração de 1925 efectuou simplesmente "celebrações exteriores" em diferença das comemorações do centenário do falecimento de 1990, considerando que estas foram "um camilianismo mais exigente, digamos que mais interiorizado". E se hoje tomo cânone meus, salvo seja, Aquilino e Camilo, deve-se a tal ao desvelamento que Aquilino efectuou à obra camiliana, a alguns mundos camilianos que ele próprio interpretou, descodificando-os, assim o tomando como linha orientadora e tutelar da existência desses mesmos mundos, revelando-os numa linha sedutora de linguagem, proporcionando uma viagem iniciático-textual que Aquilino imprime ao seu "Romance de Camilo", assim como no contexto geral da obra, na linguagem de José Régio "escritor arcaizante". Aliás, Régio chama-nos a atenção neste relacionamento de Aquilino com Camilo quando nos diz que "cremos que ainda hoje está por estudar, no seu íntimo sentido, este pendor arcaizante (em nosso dias representados por um mestre como Aquilino.)" Ora, e o que é que Aquilino pretendeu com esta biografia romanceada de Camilo? Ele próprio nos diz nos seguintes termos: "Este livro, em despeito do título, não pode considerar-se romance. Sendo talahdo, até onde me chegou a arte, no cerne da vida, é história verdadeira. De resto, apenas quando se tornou mister que os factos luzissem consoante decorreram no guinhol humano, à luz própria, recorri à forma literária da romanceação. Quer dizer, em certas passagens, tive proceder em harmonia com as três dimensões, tempo, lugar, espaço, e em vez de melhorar a pena do tinteiro de chifre dos escrivães da puridade, com a oração no pretérito, servi-me do aparo de aço com os tempos no indicativo. Mas, à parte estas breves interporsições, o grosso da narrativa decorre desteatralizado, ma monocórdica escritura."



Artigos de Aquilino sobre Camilo.
  • "Um Autógrafo de Camilo". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 4 (Jan.-Mar. 1952), p. 162.
  • "Camilo Compreendido". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 6-7 (Jan.1953-Maio 1954), pp. 289-299.
  • "Camilo e Eça, frente a frente: conferência". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 1Jan.-Mar. 1951), p. 32
  • "Camilo e Tomás Ribeiro". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 5 (Abr.-Dez. 1952), p. 195.
  • "Camilo e Trás-os-Montes". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 5 (Abr.-Dez. 1952), p. 234.
  • "A Casa de Camilo". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 6-7 (Jan. 1953-Maio 1954), pp. 241-259.
  • "Eufrásia, a Hospedeira Integral". In Camiliana & Vária, Lisboa, n.º 2 (Abr.-Jun. 1951), p. 57.
  • "João de Deus Ramos". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 6-7 (Jan. 1953-Maio 1854), p. 327.
  • "A Macabra Ficção de Maria do Adro". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 3 (Jul.-Dez. 1951), p. 37.
  • "A Orfandade de Camilo". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 1 (Jan.-Mar. 1951), p. 5.
  • "Teixeira de Pascoaes". In Camiliana & Vária. Lisboa, n.º 6-7 (Jan. 1953-Maio 1954), p. 325.
NO LIVRO
Camilo, Eça e Alguns mais: ensaios de crítica histórico-literária", 4.ª ed., Lisboa, Livraria Bertrand, [1949]
"Camilo e Eça Frente a Frente"
  • 1 - Primeiros Escritos
  • 2 - Românticos e Realistas
  • 3 - Do Crime do Padre Amaro às Novelas do Minho
  • 4 - Eça Impassível e Camilo Irado
  • 5 - Camilo Ataca em Toda a Linha
  • 6 - A Prsistente Impugnação
  • 7 - Eça de Queirós Desce à Liça
  • 8 - Brasileiro Romântico e Realista
  • 9 - Eça Volta a Atacar
  • 10 - Camilo Contra-Ataca
  • 11 - A Carta-Póstuma de Represália