segunda-feira, 30 de agosto de 2010

dalai lama e a ética


Parece-me que muita da infelicidade que nós, humanos, suportamos é, na realidade, criada por nós mesmos. No entanto, em princípio, pelo menos, é evitável. Vejo também que os individuos cujo comportamento é eticamente positivo são geralmente mais felizes e encontram um maior significado para a vida do que os que negligenciam a ética. O que confirma a minah convicção de que, se podemos reorientar os nossos pensamentos e emoções e reorganizar o nosso comportamento, então podemos não só aprender a lidar como sofrimento mais facilmente, mas, sobretudo e em primeiro lugar, evitar que muito dele surja. / Neste livro tentarei expor o que eu entendo por «comportamento ético positivo». (7)

dalai lama e a felicidade


Há muitas maneiras de ser feliz. Há pessoas com o espírito um pouco perturbado que vivem mergulhadas num estado beato de felicidade. Elas têm sempre a sensação de que tudo corre bem. Não é este tipo de felicidade que nos interessa. / Outras assentam a sua felicidade na posse de bens materiais e na satisfação dos sentidos... Mesmo quando pensam que estão verdadeiramente felizes, por considerarem essa felicidade como um dado adquirido, essas pessoas sofrem duplamente quando as circunstâncias deixarem de ser propícias. / Outras ainda são felizes por pensarem e agirem com uma certa ética. É o tipo de felicidade que nos convém, por ter a sua fundamentação em causas profundas e não depender das circunstâncias. (81)

heidegger, o pensar, a filosofia e o humanismo

  • O que, todavia, «é», antes de tudo, é o ser. O pensar consuma a relação do ser com a essência do homem. O pensar não produz nem efectua esta relação. Ele apenas a oferece ao ser, como aquilo que a ele próprio foi confiado pelo ser. Esta oferta consiste no facto de, no pensar, o ser ter acesso à linguagem. A linguagem é a casa do ser. (33)
  • A filosofia é perseguida pelo temor de perder em prestígio e importância, se não for ciência. O não ser ciência é considerado uma deficiência que é identificada com a falta de cientificidade. Na interpretação técnica do pensar, o ser é abandonado como o elemento do pensar. (35)
  • Já há muito tempo, demasiado tempo, o pensar está fora do seu elemento. Será possível chamar de «irracionalismo» o reconduzir o pensar ao seu elemento? (35)


  • O senhor [Jean Beaufret] pergunta: Comment redonner un sens au mot «Humanisme»? «De que maneira dar novamente à palavra humanismo, um sentido?» A sua pergunta não pressupões apenas que o senhor quer conservar a palavra «humanismo»; ela comtém também a confissão de que esta palavra perdeu o seu sentido. / Ela perdeu o sentido, pela convicação de que a essência do humanismo é de carácter metafísico e isto significa, agora, que a Metafísica não só não coloca a questão da verdade do ser, mas a obstrui, na media em que a Metafísica persiste no esquecimento do ser. Mas o pensar que conduz a esta compreensão do carácter problemático da essência do humanismo levou-nos, ao mesmo tempo, a pensar a essência do homem mais radicalmente. No que diz respeito a esta humanitas do homo humanus, em sua dimensão mais essencial, resulta a possibilidade de devolver a palavra humanismo a um sentido historial que é mais antigo, que é o seu mais antigo sentido, sob o ponto de vista historiográfico. Este devolver do sentido não se deve entender como se a palavra «humanismo» fosse como tal sem sentido e um simples fiatus vocis. O «humanum» aponta, na palavra, para a humanitas, a essência do homem. O «ismo» aponta para o facto de que a essência do homem deveria ser apreendida de maneira radical. Este sentido é o que possui a palavra «humanismo» como palavra. Dar-lhe novamente um sentido somente pode significar: determinar de novo o sentido da palavra. Isto exige, de um lado, que a essência do homem seja experimentada mais originariamente; de outro lado, que se mostre em que medida esta essência é, a seu modo, bem-disposta. A essência do homem reside na ex-sistência. É esta ex-istência que essencialmente importa, o que significa que ela recebe a sua importância do próprio ser, na medida em que o ser apropria o homem enquanto ele é o ex-istente, para a vigilância da verdade do ser, inserindo-o na própria verdade do ser. «Humanismo» significa, agora, caso nos decidamos a manter a palavra: a essência do homem é essencial para a verdade do ser, mas de tal modo que, precisamente em consequência disto, não importa o homem simplesmente como tal. Desta maneira, pensar um «humanismo» de natureza singular. A palavra dá como resultado uma expressão que é um «lucus a non lucendo». (73-74)