domingo, 6 de junho de 2010

daniel innerarity

Primeiro foi "A Ética da Hospitalidade", leitura em espanhol. Depois "A Filosofia como uma das Belas-Artes", em Portugal apareceu em 1996; em 2005 nova leitura deste filósofo espanhol com o livro "A Transformação da Política". Em 2009 Innerarity surprende-nos com "A Sociedade Invisível" e este ano saiu entre nós "O Novo Espaço Público", ainda mais surpreendente! Na introdução, este filósofo, considerado com um dos 25 grandes pensadores contemporâneos, acima de tudo, digo, pela sua originalidade e simplicidade científica e criativa com que aborda as temáticas que selecciona, na introdução diz-nos o que pretende com a investigação deste seu novo livro: "examinar a ideia do espaço público e das suas transformações na sociedade contemporânea. A hipótese fundamental parte da ideia de que o espaço público - esta esfera de deliberação em que se articula o comum e onde são tratadas as diferenças - não constitui uma realidade dada mas é, ao invés, uma construção laboriosa, frágil e variável que exige um contínuo trabalho de representação e argumentação e cujos principais inimigos são a imediatez de uma política estratégica e a imediatez desestruturada dos espaços globais abstractos. O que em última instância vou defender é uma política de mediação contra uma política do reconhecimento, isto é, que a política é mais um artífico que a gestão do existente, uma política construtivista." Portanto, a não perder a sua leitura. Talvez de férias, quem sabe, para muita gente...

kazantzakis


Todo o homem é um homem-Deus, carne e espírito. Eis porque o mistério de Cristo não é, somente, o mistério de um culto particular mas diz respeito a todos os homens. Em cada homem explode a luta de Deus e do homem, inseparável dos seus desejos ansiosos de reconciliação. Na maior parte das vezes, esta luta é inconsciente e dura pouco, uma alma fraca não tem para resistir por muito tempo à carne; desanima, transforma-se em carne ela própria e a luta acaba. Mas, nos homens responsáveis, que mantêm, dia e noite, os olhos fixos no dever supremo, a luta entre a carne e o espírito trava-se sem piedade e pode durar até à morte. / Quanto mais fortes são a alma e a carne, mais fecunda é a luta e mais rica a harmonia final. Deus não ama as almas frágeis e as carnes sem consistência. O espírito pretende lutar com uma carne poderosa, plena de resistência [...] / Luta entre carne e espírito, rebelião e resistência, reconciliação e submissão, e, por fim, o objectivo supremo da luta, a união com Deus - eis o caminho ascendente que tomou Cristo, e que Ele nos convida a tomarmos, por nossa vez, seguindo os traços sangrentos dos seus passos. / Como chegarmos, nós também, a esse cume supremo onde, filho primogénito da salvação, chegou Cristo? - eis o mais alto dever do homem que luta.
Kazantzakis