quarta-feira, 30 de março de 2011

bernardino machado fragmentos políticos



apresento alguns pensamentos de bernardino machado, a propósito da publicação levada a efeito da câmara municipal de vila nova de famalicão, do museu bernardino machado e das edições húmus, do III volume, Tomo I da sua obra política, recentemente apresentado no mesmo Museu. Acima de tudo, o que seleccionei, reflecte o pensamento de Bernardino Machado em três frentes: por um lado, o ideário republicano - caso concreto do sufrágio universal, a lei do descanso semanal (que tanta polémica deu já no período republicano) ou ainda a lei da separação da igreja do estado, reflectindo machado, muito antes da existência da própria lei, sobre a independência da liberdade religiosa; por outro lado, o inimigo de sempre das ditaduras, aqui reflectindo o valor da liberdade em todos os seus aspectos, económico, religioso, cultural ou cívico. O terceiro aspecto que gostaria de focar é a relação que efectua entre a pedagogia, caso concreto da instrução, com a política, encontrando assim Machado a possível resolução de muitos problemas pedagógicos da sociedade portuguesa na política. Finalmente, nada como ler este Tomo dedicado à política de Bernardino Machado, que reflecte essencialmente a sua independência moral, em alguns textos que seleccionei podemos ler isso mesmo, e aqui está bem patente a sua coerência de pensamento, e, ao mesmo tempo, reflecte o grande projecto republicano, reescrevendo, ao lado dos seus pares, o mito de prometeu para uma sociedade melhor: podemos ler isso memso no texto que dedica ao descanso semanal. muito ainda há para se dizer e escrever; ficará para uma próxima oportunidade. finalmente, o que aqui se coloca hoje dedico inquestionavelmente ao dr. manuel sá marques, não poderia ser a mais ninguém, com um forte abraço de amizade fraterna.







  • "A corrupção política cada vez mais exaspera a paciência pública com os escândalos que sucessivamente vêm à supuração." (O Governo do Engrandecimento do Poder Real, 1894).



  • "A virtude também precisa de instituições que a celebrem, que a propaguem e defendam, e a Maçonaria é a grande ordem secular onde comungam quantos, sem distinção de crenças religiosas ou de opiniões políticas, lhe rendem um culto livre. / não somos um partido, nem uma seita. / Respeitamos todos os crentes sinceros. O sacrário em que cada um abriga o seu ideal de amor e de abnegação, é para nós inviolável. Queremos realizar o bem neste mundo, sem inibir alguém de crer na existência de um mundo melhor. O nosso templo não se levanta sobre os escombros de nenhum outro." (A Maçonaria Portuguesa, 1895).



  • "Duas forças sobretudo dominam o mundo, maiores que todas as outras, a liberdade, que é a maior força singular, e a sociabilidade, que é a maior força colectiva. Harmonizá-las, eis o problema. Unidas, dão a prosperidade e grandeza das nações e da humanidade; separadas, em conflito, , a sua decadência e ruína. E tão cindenável é a selvajaria licenciosa que atente contra os laços sociais, como a escravatura corporativa que sufoque as livres aspirações das almas. / Veja-se como o nosso tempo lhes presta indiviso culto. / O socialismo é um dos seus motes. É o termpo da maior sociabilidade. A sociedade tem estendido a sua assistência a todos, até aos mais miseráveis. Pode mesmo dizer-se que é o tempo dos infinitamente pequenos, tanto do mundo físico como do mundo moral. Da mais íntegra integração geral de todas as classes e de um imenso amor pelos fracos, pelos infelizes - povo, mulher e criança, enfermos e degenerados -, é que tem sido feita a arte, a indústria e a ciência, a moral e o direito, toda a riqueza e toda a bondade que se encerra nos tesouros da civilização hodierna. / Mas o nosso tempo é, conjuntamente, o tempo da liberdade. O liberalismo é o seu outro mote. Por toda a parte se arvora neste momento o pendão liberal. " (Pela Liberdade, 1901).



  • "Liberdade e sociabilidade são inseparáveis, uma é a condição e a lei suprema da outra. O progresso é, sobretudo, obra de cordialidade, mas é antes de tudo obra de independência, de hombridade. SEm liberdade, não há verdadeira sociabilidade. A tirania justapõe; mas recalca, destece, não socializa. O socialismo, revista a forma que revestir, leigo ou religioso, seja qual for o seu escopo, ou há-de ser liberal, organizar-se, liberrimamente, ou, mentindo ao seu nome, não passará de um absolutismo, condenado pelo seu vício orgânico a não atingir fim algum elevado e nobre. Os meiso não são indiferentes ao fim. Justiça, riqueza, poderio, só podem firmar-se inabalavelmente sobre a liberdade." (Pela Liberdade, 1901)







  • "Para que queremos, portanto, o descanso semanal? Para que o trabalhador possa robustecer-se, instruir-se, elevar-se, ser alguém, alcançar a plenitude da sua personalidade, para que deixe de padecer este martírio de conhecer que tem dentro de si a semente da verdade, do belo e do útil, e não poder vingá-la e não poder convertê-la em frutos que lhe deixem prelibar ao menos os prazeres da ciência, da arte e da indústria, que são os maiores que podemos sentir, depois do prazer supremo de fazer o bem. / Porque é, sobretudo, para que o homem possa fazer o bem, que reclamamos o descanso semanal." (O Descanso Semanal, 1904).



  • "Nenhuma causa mais justa do que o descanso semanal. Defendendo-o, as classes laboriosas defendem a sua vida, e não só a sua vida física, mas também a sua vida espiritual e, sobretudo, a sua vida moral." (O Descanso Semanal, 1904).



  • "O nosso tempo distingue-se de todos principalmente pelo seu humanismo. Nunca como durante o século XIX o homem foi tão humano para com todos, até mesmo para com os criminosos." (O Descanso Semanal, 1904).



  • "O descanso semanal aproveita não só a saúde do corpo, mas também a do espírito; queremo-lo no interesse do próprio trabalho, para se poder trabalhar mais e melhor. / Não há profissão nenhuma que ponha em jogo, em perfeito equilíbrio, desenvolvendo-as completamente, todas as nossas faculdades; todas as profissões mais ou menos as mutilam. E, se as faculdades feridas de abandono reagem quando pedem pela vida, sempre afinal acabam por se atrofiar." (O Descanso Semanal, 1904).



  • "Que vida espiritual levam as nossas classes trabalhadoras? Hão-de repetir incessantemente o mesmo trabalho, torturando, consumindo, mortificando não só oc orpo, mas o espírito também. / É indispensável que o empregado do comércio, como todo o operário, tenha horas e dias feriados, em que possa ir ver o nosso mar, as nossas montanhas, os nossos campos e arvoredos, em que possa pegar num microscópio ou num telescópio para admirar as maravilhas do mundo dos infinitamente pequenos ou dos infinitamente grandes, e, sobretudo, em que possa comunicar com as outras almas, frequentando uma aula, assistindo a uma conferência, lendo um livro, visitando os museus, indo a um teatro, a um concerto, etc. / São divertimentos? São exercícios espirituais igualmente necessários a todos." (O Descanso Semanal, 1904).



  • "Desde 1880, em que se celebrou o centenário de Camões, ao lado da velha liturgia eclasiástica, começou a formar-se entre nós uma nova liturgia cívica [...], uma nova religião foi despontando, humana, toda feita de cordialidade e de amor." (Os Actuais Partidos Políticos, 1904).



  • "Nada pior do que a ignorância em que os membros duma Nação estejam dos seus direitos e dos seus deveres. Nada mais necessário do que formar a opinião para que a opinião governe. Eis o auto intuito da educação cívica." (Formas de Governo, 1903).



  • "Sobre a ignorância e a miséria, a teocracia ergue-se então ousadamente contra o amor. Rompe todos os laços afectivos. Separa o homem da natureza, da família e da Pátria. Os laços de família são carnais, os laços da Pátria são mundanos, e a carne e o mundo, com o diabo, são os três inimigos da alma. E não se contenta de extinguir o amor, aonde os ódios dos seus sectários contra todos que não comunguem no mesmo credo, principalmente contra os bons, contra aqueles que pela virtude da sua atracção moral possam fundar sobre a terra uma nova religião, melhor, mais humana." (A Psicologia da Reacção, 1905).



  • "A maneira de operarmos a solidariedade e a paz na sociedade e operando o equilíbrio das nossas faculdades pela implantação, logo, no ensino, da tríplice liberdade, de amar, de trabalhar e de pensar." (A Psicologia da Reacção, 1905).



  • "O povo sente a necessidade de mar, de festejar os seus contemporâneos ilustres." (A Reforma, 1905).



  • "Entre os dirigentes, ninguém se importa com ideias. Não é isso que os liga." (A Reforma, 1905).




  • "Desde muito novo que trato as questões públicas sem ataques pessoais a ninguém, ressalvando sempre as intenções de todos; e expressamente o fiz outro dia no Salão da Porta do Sol. As discussões não são para se irritarem as dissidências, mas sim para as atenuarem e resolverem. Não julgo mal dos meus adversários, nem quando mais vivamente censuro os seus actos. Não levo mesmo o ardor das minhas convicções até ao absolutismo de pensar que sou eu só que tenho razão em tudo. Acima das opiniões partidárias ou individuais, há uma verdade humana superior, a que é preciso render culto." (Carta Dirigida ao Presidente da Associação Industrial do Porto, 1904).



  • "Nunca como nos últimos tempos o naturalismo foi tão dominante. Mas nem por isso a vida se materializou, antes hoje mais do que nunca a civilização é generosa, espiritual e idealista. Exemplo relevante da influência humanista e moralizadora do naturalismo é a higiene, cujos ditames cada dia mais se vão convertendo nas nações cultas em códigos de direitos e de leis." (Protecção às Mulheres e às Crianças, 1904).



  • "... defender a liberdade, porque só ela é a ordem, a paz e a segurança de todos os direitos." (O Neo-Liberalismo da Monarquia, 1906).



  • "A liberdade não é um dom de ninguém, conquista-se." (O Neo-Liberalismo de Monarquia, 1906).



  • "Seria um contra-snso que a lei de atracção, que é a lei dominante dos corpos brutos, não fosse também a dos que pensam e sentem. / Felizmente que não há acto das classes trabalhadoras que o não ateste. / As classes dirigentews, pelo contrário, afirmam em toda a parte o prestígio e a força dominadorta da lei da luta pela existência. / Essa luta afirmam-no elas no campo religioso, no campo económico e no campo social. / Uma religião que enlaça e prende corações, a religião da vida e do amor, bem conmtrária dessa outra de trevas e de morte." (Discurso na Associação dos Carpinteiros, na Figueira da Foz, 1904).



  • "E só nós, que somos a liberdade, somos também conjuntamente a ordem, porque a ordem, só pode comentá-la a justiça, que é a igualdade na liberdade, isto é, a liberdade recíproca para todos." (Aos Eleitores, 1906).



  • "Estudar, trabalhar, temperar o carácter, quem se importará com isso numa sociedade onde não são o saber e a dedicação, onde não são os méritos que seleccionam e elevam os homens no conceito dos seus cidadãos? (Ao País, 1906).



  • "... a paciência não é só a alma do saber, é também, quase sempre a alma da política. paciência não quer dizer tibieza. Pelo contrário, quer dizer pertinácia, esforço de todos os instantes. A paciência, a prudência, a união de todas as forças assegurar-nos-ão a vitória." (O Civismo do Povo Português, 1907)







  • "Não há senão um modo de aprender a vida política, é vivê-la; senão um de aprender a servir, é defendendo-a sempre em todas os lances, ainda os mais arriscados, de todos os postos, desde os mais humildes até aos mais elevados." (França e Portugal, 1906).



  • "... agravarem e multiplicarem ainda os desmandos que tanto já oprimem e angustiam a vida da Nação, se da lei de 13 de Fevereiro de 1896 continuarem a fazer na aplicação uma lei ainda mais acelerada do que ela é, se, contra lei, continuarem proibindo o direito de reunião, se continuarem igualmente a impor a censura prévia à imprensa e a apreender os jornais sem dar conta alguma das apreensões ao poder judicial, se continuarem a sindicar e a dissolver sem motivo as câmaras municipais, se continuarem a falsificar o recenseamento e a defraudar e a violar a urna eleitoral, se continuarem, contra a constituição, a encerrar e até a não convocar e reunir o parlamento, e continuarem, em suma, desafordamente a sobrepor a tudo o arbítrio, o capricho, a demência pessoal - Ai! - então tenham por certo que a revolução virá." (Aos Eleitores, 1906).

  • "... quem assim terá desafiado a revolução, não somos nós, são so nossos adversários." (Aos Eleitores, 1906).


  • "Só a liberdade é a paz, disse eu há tempos. Se amo a liberdade com tantoi fervor, é mesmo, sobretudo, por ser ela a única força de ordem e de paz, a única força verdadeiramente fraternizadora. E, por isso, nem no mais acesso das refregas, a minha cordialidade pelos princípios deixa de ser nunca a minha cordialidade pelos homens. Porque é que eu propago e defendo a causa republicana? Porque só a República é capaz, no actual momento histórico, de nos reconstituir uma Pátria, reunindo-nos a todos irmamente como numa só família." (A Discplina, 1907).


  • "Não pretendemos impor a ninguén a liberdade. O nosso ideal não é uma República imposta, amanhã pela força, pelo exército." (A Disciplina, 1907).




  • "Não há partido mais tolerante. Aqui têm o meu exemplo. Vim da monarquia. não solicitei do Partido Republicano nada, nem a inscrição do meu nome nos seus cadastros; mas tanto me identifiquei com ele, que todas as considerações ele me tem dispensado, até me elevar ultimamente à suprema dignidade de membro do seu directório. E não precisei para isso de quebrar a minha personalidade moral por quaisquer complacências. Continuo a ser o que sempre fui, um homem de ordem, de paz, a quem repugnam todas as violências, que quer o respeito de todos os direitos, e respeita no fundo de todos eles o direito de viver, mas decidido a caminhar sempre e ir sempre para a frente, custe o que custar, sem ódios,s em ameaças, mas também sem desfalecimentos, inexoravelmente, até à última extremamente aonde seja necessário ir para defender a liberdade, porque só ela é a ordem, a paz e a segurança de todos os direitos. Eu que, em monárquico, combati tantas vezes não só os meus adversários monárquicos, mas também os meus próprios correligionários e até colegas meus do ministério, eu que me esforço por ser bom, mas não à custa da minha independência, nem à custa de ninguém, e sou muito mais intransigente com aqueles a quem mais quero, adversários ou correligionários..." (O Neo-Liberalismo da Monarquia, 1906).


  • "Eleger ou não eleger, eis o problema político. Sobre a eleição se funda o governo liberal, como sobre o arbítrio se funda o governo despótico. Eleição e liberdade são irmãs. Por isso, de todos os governos o mais liberal é o republicano, que é o mais electivo. / Com o progresso do sufrágio, cresce a liberdade, com o retrocesso, decresce." (Eleições, 1906).


  • "Um povo indiferente pela eleição é um povo indiferente pela liberdade. / A questão religiosa, a questão económica e a questão política são fundamentalmente questões de eleição. / Que pretendemos em religião? Pretendemos que todos tenham o direito de escolher o seu culto; e, dentro do culto católico, que é o nosso culto tradicional, a que todos queremos muito, porque, ainda quando não seja o de alguns de nós, foi o dos nossos apis e é o de quase todas as nossas mulheres, pretendemos que à nossa igreja matriz e ao nosso seminário diocesano, governados pelos nossos párocos e bispos, da nossa escolha, porque são da escolha da nação, se não substituam as capelas e os noviciados de propaganda romana, , que as nossas misericórdias, irmandades e confrarias, de nossa eleição, se não substituam as congregações religiosas, adscritas passivamente à obediência de Roma, e não mesmo da Roma do papa branco, mas da Roma do papa negro. / Que pretendemos economicamente? Pretendemos que não os ricos, mas todos tenham direito à vida económica, podendo unir-se, associar-se cooperativamente para escolherem livremente os seus chefes, os seus mestres e directores; e que os que não tenham meios de trabalhar por sua conta, possam solidariamente debater pelos seus representantes os seus contratos de trabalho e por meio deles assegurar em tribunais de arbitragem o exacto cumprimento desses contratos. / Que pretendemos politicamente? Que todas as corporações até o estado sejam francamente electivas, dando-se a cada uma das nossas divisões administrativas, tanto da metrópole como nas colónias, a mais liberal autonomia." (Eleições, 1906).



  • "Custa a ter a liberdade política, porque é preciso ter primeiro a liberdade económica e a liberdade religiosa. / Mas, se é certo que, nos indivíduos como nas sociedades, a nossa opinião depende muito dos nossos interesses como das nossas paixões, não é menos certo recirpocamente que, desde que a razão se desenvolve, tende a ser predominante. O poder político vai cada vez mais regulando e garantindoa liberdade económica e a liberdade religiosa das nações. A questão económica e a questão religiosa têm de ser decididos superiormente por ele. Daqui a suprema importância da eleição política. É necessário que todos, não só os que têm uma opinião sobre as coisas públicas s sustentar, mas também os que têm interesses gerais a defender e sentimentos de fraternidade a salvaguardar, apelam para ela." (Eleições, 1906).



  • "Tomemos, republicanos, todos nós, sem excepção de ninguém, o nosso posto de combate. / primeiro de tudo, a reivindicação do sufráfio universal." (Eleições, 1906).


  • "A constituição define a nação, a associação política de todos os cidadãos portugueses. Sem o sufrágio universal, é falso." (Eleições, 1906).



  • "Nós queremos a plena liberdade de cultos, portanto, a liberdade de associação religiosa, mas sem que dentro de nenhuma se professem votos que sejam a anulação da própria liberdade. E, como respeitamos todas as crenças, não queremos que nas nossas escolas se obriguem os nossos filhos a nenhum catecismo nem a nenhum juramento confessional, e tão pouco queremos que se desnature a missão civilizadora, moralizadora, que nos compete sobre as raças incultas das possessões ultramarinas confiadas à nossa guarda, convertendo-a numa missão sectária, fanática, de propagação da fé ultramontana de nenhuma igreja. O estado, que é a grande associação onde se reúnem todos os crentes da nação, das mais diversas confissões, a todos deve respeito e protecção, mas só uma religião pode e deve ter sua própria, que é a do bem, da fraternidade, da assistência pelos humildes e pelos infelizes." (Aos Eleitores, 1904).





  • "... eu não estou passivamente dentro do Partido Republicano, deixando-me arrastar pela onda que passa, eu luto e lutarei sempre dentro dele, contra o mal - que, sejam quais forem as formas que revista, é sempre a ditadura, o desmancho dos chefes - porque não é só na sociedade portuguesa que os dirigentes valem muito mais que os dirigidos, também no partido Republicano, apesar de todo o meu apreço por tantos seus dirigentes, que são os grandes mestres da democracia, as virtudes cívicas brilham para mim, sobretudo, no povo republicano. A superioridade mesmo do nosso partido vem disso, de ser o único partido do povo." (O Neo-Liberalismo da Monarquia, 1906).

terça-feira, 29 de março de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

serguilha em são paulo


o livro em apresentação de serguilha, o poeta famalicense mais internacional, indiscutivelmente, na casa de portugal, em são paulo


serguilha, nas suas dedicatórias


o poeta e a aguarelista, ivani ranieri




a aguarelista, ivani ranieri





um aspecto da exposição de aguarelas de ivani ranieri


a mesa de apresentação do livro e da aguarelista, da esquerda para a direita: a actriz Vera Barboso, Luís Serguilha, o filósofo crítico de arte Luiz Contador Borges e Ivani Ranieri

domingo, 27 de março de 2011

da alma

"Alma do homem, / como és semelhante à água! / Destino do homem, / como és semelhante ao vento!"
Goethe



"Pois bem, na esteira desta metáfora, pensámos adoptar como esquema simbólico para a nossa busca no horizonte da alma o da navegação. São quatro as etapas da viagem e correspondem às partes deste volume. Antes de embarcar, é necessário um itinerário de aproximação; é a primeira meta a atingir. Ele é Sem fronteiras porque o percurso que se inicia pretende chegar aos Territórios distantes das culturas primitivas e penetrar nas antigas e gloriosas civilizações do Egipto, da Mesopotâmia, da Índia e da Arábia, mas também não teme visitar lugares recônditos, quase semelhantes a grutas escuras, como no caso da metempsicose, do espiritismo e da metapsicologia. / O grande rio da alma que devemos navegar, circundado por estas terras, revelas duas nascentes específicas que o alimentam de modo copioso. Serão elas que constituirão a segunda meta da nossa nevageção ideal. De um lado está a Nascente sagrada das Escrituras bíblicas com a sua mensagem original e variada, que tem alguns ápices no livro do Génesis e nas palavras de Cristo e de Paulo. Do outro, eis a Outra nascente, a da cultura grega, onde aparecem os mitos fascinantes de Psique e Orfeu, mas também sobressaem pensadores excelsos como Platão, Aristóteles e Plotino. / Depois, a partir das nascentes, a navegação penetra no curso atormentado do rio. É a terceira etapa, a mais extensa, porque tem de percorrer séculos e séculos de história. Entram em cena três perfis da alma. Antes de mais nada, o que foi desenhado pela teologia cristã no seu incessante processo de interrogação, nas respostas do Magistério eclesial oficial, na elaboração intensa dos seus pensadores e também no seu esforço ousado de abeirar-se do além-vida alma, para lá da fronteira da morte (a Alma teológica). / Depois, há a complexa e até tortuosa reflexão de filosofia ocidental, a partir de Descartes, de cujo dualismo derivaram não só os grandes espiritualistas, como Espinosa e Hegel, mas também a dura reacção dos «materialistas», negadores convictos da alma. É o capítulo da Alma filosófica, que também se abre a teorias inovadoras - como a do evolucionismo - e a práticas incisivas - como a da psicologia/psicanálise. / O último perfil é o da Alma poética: trata-se de um olhar lançado sobre o mistério do espírito pela intuição literária. Então, vai-se das cenas emocionantes criadas pelo génio de Dante ao terrível pacto entre Fausto e Mefistófeles narrado por Goethe, dos diálogos entre alma-corpo-natureza imaginados por Leopardi, Rosenzweig ou Péguy, até a uma surpreendente elaboração racional de Pirandello e a muitos outros autores. / Deste modo, chega-se à quarta e última etapa, a da Foz, porque então a história da alma entra e faz parte dos nossos dias. Penetra-se no inquietante e também fascinante laboratório das neurociências para encontrar o homem neuronal que alguns gostariam de ver espoliado de alma e reduzido a cérebro. Contudo, trata-se apenas de uma Acostagem parcial e não da atracação definitiva: de facto, as águas continuam a correr, e a alma não cessará de alcançar-nos para conduzir-nos mais longe." (15-16)


Giafranco Ravasi

leituras


kundera leitor


"No século XIX, era assim: tudo o que se passava num romance tinha de ser verosímil. No século XX, este imperativo perdeu a força; de Kafka até Carpentier ou García Marquez, os romancistas tornaram-se cada vez mais sensíveis à poesia do inverosímil."

Kundera

a república na revista vértice






  • Pedro Santos Maia - "Reflexão Intempestiva sobre a República e o Republicanismo: a questão colonial", pp. 5-19


  • David Oliveira Ricardo Pereira - "As Políticas Sociais na Primeira República Portuguesa: 1910-1926", pp. 20-30.


  • Domingos Abrantes - "A República, as Feministas e a situação das Mulheres", pp. 31-46


  • Maria Alice Samara - "Das Mulheres, dos Republicanos e da República", pp. 47-56.


  • João Maria Nabais - "Adelaide Cabete, uma alma notável da Primeira República", pp. 57-65.


  • Rui Namorado Rosa - "Ensino e Cultura Técnica e Científica em Portugal: a transicção republicana", pp. 66-77.


  • Américo António Lindeza Diogo - "O Conflito de 14-18 em 1940, ou Guerra e Fotogenia: o João Ratão, de Jorge Brum do Canto", pp. 7892.


  • Serafina Martins - "Aquilino Ribeiro nos Bastidores da República", pp. 93-102.


  • João Cravo - "As Festas da Árvore, a Amadora e a República - ritualizar para integrar", pp. 103-108.

sexta-feira, 25 de março de 2011

jesus cristo de ratzinger












pensar a república

para o prof. norberto cunha, esta simples homenagem, cordialmente


  • "... defender a liberdade, porque só ela é a ordem, a paz e a segurança de todos os direitos."

Bernardino Machado, O Neo-Liberalismo da Monarquia, 1906

"Este volume reúne as comunicações apresentadas e debatidas no II Seminário de História e Cultura Política, que se realizou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no dia 16 de Março de 2010, ao que se juntaram os textos de Ricardo Vélez Rodríguez e de José Maurício de Carvalho, destacados filósofos pertencentes a duas prestigiadas Universidades brasileiras. O objectivo deste seminário, iniciativa da Linha de Investigação Memória & Historiografia do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, era o de aprofundar criticamente o conhecimento sobre pensadores portugueses e estrangeiros através das doutrinas políticas que perfilharam em relação à República e à Liberdade."
Ernesto Castro Leal


I
REPÚBLICA
António Ventura - "Sebastião de Magalhães Lima e a República", pp. 11-20.
Ernesto Castro Leal - "Augusto Alves da Veiga e a República", pp. 21-36
  • Elementos de biografia intelectual e política
  • Sobressalto moral e cívico em 1890
  • Republicanismo, federalismo e descentralização
  • República, Confederação e reorganização nacional

Norberto Ferreira da Cunha - "Leonardo Coimbra e a I República", pp. 37-137.

  • Introdução
  • Um republicano diletante
  • Leonardo ante os "democráticos" e os "bloquistas"
  • Leonardo perante a política de intransigência (Afonso Costa) e de acalmação (Bernardino Machado)
  • Leonardo e a I Guerra Mundial
  • Leonardo Coimbra perante a ditadura sidonista e as sequelas da "República Nova" (1917-1919)
  • Leonardo Coimbra, "democrático" (1919-1922)
  • Uma surpreendente viragem à Esquerda
  • O desencanto político (1926-1936)

II

LIBERDADE

Pedro Calafate - "A Liberdade em Francisco Suárez", pp. 141-147.

Leonel Ribeiro dos Santos - "A Ideia de Liberdade no pensamento de Rousseau", pp. 149-179.

Ricardo Vélez Rodríguez - "Liberdade e Democracia segundo Alexis de Tocqueville", pp. 181-196.

José Esteves Pereira - "Silvestre Pinheiro Ferreira e a Liberdade", pp. 197-206.

José Eduardo Franco - "José de Sena Freitas e a Liberdade", pp. 207-218.

Carlos Cordeiro - "Aristides Moreira da Mota e a Liberdade", pp. 219-232.

José Maurício de Carvalho - "Tancredo Neves e a Liberdade", pp. 233-246.






quinta-feira, 24 de março de 2011

goethe


  • "Basta uma coisinha de nada para entreter os que amam."
  • "O amor pode muito, mas o dever ainda mais."
  • "Quem não sente amor, ou aprende a bajular ou não conseguirá viver em paz."




quarta-feira, 23 de março de 2011

leitura em famalicão




In "Opinião Pública". V. N. de Famalicão (23 Março 2011)

segunda-feira, 21 de março de 2011

bernardino machado 1911

numa altura em que brevemente se comemoram os 160 anos de nascimento de bernardino machado, faltando aqui os meses de janeiro e princípios de maio, do ano de 1911, faço aqui esta reportagem da actividade cívica de machado, nas suas entrevistas, nas suas participações públicas sempre activas, as homenagens, teve pelo menos três em 1911, registando uma, discursando. é uma reportagem incompleta, só me interessando divulgar os títulos e algumas fotografias, mesmo os textos, pelo menos nos que aqui aponto, registando uma outra curiosidade, mas fica a minha homenagem de amizade fraterna e de gratidão para com dr. manuel sá marques. espero simplesmente que goste desta surpresa. não coloco datas, fica assim de uma forma anárquica, mas acho que dá para perceber, com um texto ou outro completo.