quinta-feira, 9 de julho de 2009

filo-café, apefp

Cidade Hoje. V. N. de Famalicão (9 Jul. 09), p. 41

famalicão, dia da cidade








quarta-feira, 8 de julho de 2009

Rua Direita

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Camilo

O Povo Famalicense. V. N. de Famalicão (7 Jul. 09), p. 28

segunda-feira, 6 de julho de 2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Minha Homenagem a Oliveira Bente


BENTE, Oliveira
V. OLIVEIRA, José de (Ruivães, V. N. de Famalicão, 14-06-1920; Gondomar, Fânzeres, 24-06-2009)



Poeta, ensaísta, ficcionista e empresário de calçado famalicense, nasceu no lugar do Paço, da freguesia de Ruivães do concelho de V. N. de Famalicão.
Fez a instrução primária (2.º Grau) em 1931, ingressando, dois anos mais tarde, no Seminário dos Missionários do Espírito Santo, com o apoio do pároco da freguesia de Requião, José Marques Pinto. Após quatro anos de estudos, obtendo as mais altas classificações, entrou numa profunda crise de fé religiosa, centrada, principalmente, no problema do celibato, que considerava anti-natural. Nesta situação, abandonou o seminário e os respectivos estudos.
Em 1942 faz o serviço militar na Póvoa de Varzim, saindo no fim da recruta. Contudo, em 1943, é mobilizado para as manobras militares que se realizaram no Alentejo, numa altura em que os alemães ameaçavam invadir a Península Ibérica, devido ao facto de Portugal ter cedido a Base das Lages (Açores) aos Estados Unidos.
Profissionalmente, trabalhou no Banco Espírito Santo, assim como também na Caixa de Previdência dos vinhos, passando por vários empregos, até que se estabeleceu em 1955, por conta própria, como empresário de calçado.
Foi em 1938 que começou a colaborar na imprensa famalicense, especialmente, e particularmente, no “Estrela do Minho”, contando com o apoio do Director, José Casimiro da Silva. Manteve, neste mesmo jornal uma extensa e variada colaboração temporal, na criatividade poética, de cronista literário, ensaísta e ficcional.
Apaixonado por Camilo, dedicou-lhe uma série de ensaios, nomeadamente “Via Dolorosa” (1938), “Ruivães na Obra de Camilo” (1939), uma série de artigos sobe as notas de leitura de Camilo (1939) a livros de escritores como Alexandre Herculano, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro e Oliveira, e, finalmente, “A Campanha Pró-Museu Camiliano” (1939-1940). Nesta laboração camiliana, teve acesso a documentos inéditos na Casa-Museu, em Seide S. Miguel (devido à relação de amizade que manteve com Raquel Castelo Branco), divulgando alguns desses documentos na revista coimbrã neo-realista “Vértice” (Maio 1942).
No “Estrela do Minho” coordenou o suplemento literário “Para as Raparigas”, no qual chegou a colaborar Armando Bacelar com o pseudónimo feminino Inês Gouveia, efectuando as colunas “Escaparate”, “Projecções” e “Bibliografia”, aqui divulgando pela primeira vez em V. N. de Famalicão, Maiakovski, Bernard Shaw, André Malraux, Paul Elouard, entre outros, assim como igualmente os escritores neo-realistas, caso de Urbano Tavares Rodrigues, Alves Redol, Mário Dionísio ou Augusto dos Santos Abranches.
Colabora noutros periódicos, tais como, por exemplo, “O Comércio da Póvoa de Varzim” (Póvoa de Varzim), “Semana Tirsense” (Santo Tirso), “O Barcelense” (Barcelos), “Ecos do Sul” (Montemor-o-Novo), “O Globo”, “O Comércio de Gaia” (Vila Nova de Gaia), “A Voz do Calhabé” (Coimbra), “Almanaque de Montemor-o-Novo” (1944), “O Regional” (S. João da Madeira) e na revista “Cultura e Recreio”. Foi director do semanário de Oliveira de Azeméis “A Voz de Azeméis”, de 1989 a 1995.
Tanto assinava como José de Oliveira, como Oliveira Bente, a sua designação pseudonímica literária. A adopção do apelido Bente é assim justificado: como o correio de Bente (freguesia do concelho de V. N. de Famalicão) era o mais próximo de sua casa que o de Ruivães, os seus amigos começaram a chamar-lhe “Oliveira Bente”.
É preso, a primeira vez, em 19 de Março de 1945, no Porto, devido ao seu convívio numa tertúlia literária portuense, constituída essencialmente por estudantes e trabalhadores intelectuais., envolvendo numa célula comunista clandestina. Pertenceu ao M. U. D. É desta altura o poema “Preso Político”, incluído na sua recente antologia poética “Voo de Pássaro” (2005). Na prisão conheceu Lino Lima, de quem se tornaria amigo. Com o fim da 2.ª Guerra Mundial, foi libertado em 31 de Julho de 1945, após um amnistia de Salazar, tendo este o receio de que os vencedores do conflito o obrigassem a aceitar a transição para a democracia. Voltou novamente a estar preso em 1947, mas desta vez, apenas por quinze dias, por falta de provas.
Em 1948 publica “Combate”, não só de fortes influências neo-realistas, como também por Maiakovski, com poemas de intervenção política, apesar do livro ser dedicado, ainda que tardiamente, à libertação de França. O livro teve, na época, uma ampla recepção na imprensa famalicense e na revista literária “Vértice”, através de Armando Bacelar com o seu pseudónimo Carlos Relvas, destacando-se, no cômputo geral, as qualidades técnicas do poeta.
Reedita, em 1996, “Ruivães na Obra de Camilo” (encontrando-se a preparar uma 2.ª edição corrigida e ampliada) e em 2005, no “Boletim Cultural” da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, a “Via Dolorosa”.


Amadeu Gonçalves

P. S. Foi com grande tristeza que, através de um texto de Filipe Oliveira, publicado no jornal famalicense "O Povo Famalicense", soube do falecimento de José de Oliveira, uma das personagens míticas no campo da actividade cultural famalicense, principalmente nos anos quarenta. Ultimamente, nestes últimos dois anos, tinha entrado com José Oliveira numa franca epístola cordial, principalmente na troca de informações bibliográficas, as quais dizem respeito à sua intensa colaboração na imprensa portuguesa. Forneceu-me, igualmente, algumas informações dos colaboradores nas páginas dos seus suplementos literários que criou no jornal "Estrela do Minho" (verificar neste blog o item suplementos literários). O seu préstimo para comigo foi, de facto, fantástico, porque me permitiu completar as informações que então tinha. Ficará para sempre na minha memória esta sua franca colaboração.