domingo, 28 de novembro de 2010

saramago, citações de entrevistas


afonso costa, a igreja e a sociedade


"A questão social, erguendo-se, ruidosa e lúgubre, em busca de uma solução que assegure o reinado da igualdade de facto, agita, por sua vez, tão clamorosamente a opinião e tão vivamente atrai os estudiosos, que, em face dela, todos os outros assuntos empalidecem e cedem campo, não sendo lícito a quem tem por dever o estudo das ciências sociais desconhecê-la e menosprezá-la. Esse o motivo da aceitação do assunto deste trabalho, que, na maneira como vai organizado, tem novo interesse por abranger o exame do papel da igreja neste grave problema e dos frutos atribuídos à sua intervenção..."
Afonso Costa

chesterton

As primeiras leituras de Chesterton foram as aventuras policiais e detectivescas do mais do que famoso detective Padre Brown, através dos escândalos, da argúcia, da incredulidade ou da inocência do Padre Brown. Foram leituras fantásticas. Um dia, numa feira do livro, encontro uma tradução de "S. Tomás de Aquino", tradução e notas de António Álvaro Dória, livro publicado no ido já ano de 1958 e editado pela Livraria Cruz de Braga. O exemplar que possuo é da 4.ª edição. Este mesmo livro teve uma nova edição, em 2009, editado desta vez pela Civilização Editora, com tradução, revisão e notas de Nuno Manuel Bastos. A revisão foi da que lhe antecedeu? Não há nenhuma indicação. Em 2008 apareceu "Disparates do Mundo" e, em 2009, o livro "O Homem Eterno". Mais recentemente de Chesterton apareceram estas "Tremendas Trivialidades". A leitura dos livros de Chesterton são uma aventura e de leitura desconcertante. Um prazer enorme. De Chesterton digo simplesmente que temos um ortodoxo que é um heterodoxal, muito melhor do que muitos que se dizem heterodoxais! Só me falta comprar "Os Melhores Contos do Padre Brown", que saíram este ano.
"Estes rascunhos momentâneos... não representam mais do que uma espécie de diário esporádico - um diário que relata um dia em cada vinte, que calhou de vincar-se na imaginação - , o único tipo de diário que o autor alguma vez conseguiu conservar. Até mesmo este diário, apenas o conseguiu manter ao torná-lo público, por uma ninharia. Mas, por mais triviais que sejam os seus temas, não deixam de ter um fio de intenção que os liga. Quando, com alívio profundo, os olhos do leitor se apartarem destas páginas, irão provavelmente repousar nalguma coisa: num dos varões que sustêm as cortinas, ou num poste de iluminação; no estore de uma janela, ou numa parede. A probabilidade é a de o leitor olha para uma coisa que nunca viu; isto é, uma coisa sobre a qual nunca reflectiu profundamente... Nenhum de nós refelecte suficientemente nestas coisas em que pousa o olhar. "
Chesterton

afonso cruz


"Uma pessoa não existe apenas por ter um corpo. Precisa de ter uma vida social. Precisa da palavra, da alma. Precisamos de testemunhos, dos outros."
Afonso Cruz

camilo e cinema


XIII encontros de outono 2010

XIII ENCONTROS DE OUTONO
A I REPÚBLICA NOS MUNICÍPIOS PORTUGUESES





No âmbito das comemorações do Centenário da República em Portugal realizaram-se na Casa das Artes, nos dias 26 e 27 de Novembro do corrente ano, os XIII Encontros de Outono, organização da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão e do Museu Bernardino Machado. Coordenados pelo prof. Norberto Cunha, coordenador científico do mesmo Museu, os XIII Encontros de Outono tiveram este ano como tema "A I República nos Municípios Portugueses", com especialistas estudiosos locais, dando assim achegas para a historiografia local no âmbito do desenvolvimento, da implantação e da consolidação da República em Portugal. A fonte histórica predominante entre todos os investigadores foi a imprensa. Uma das primeiras conclusões que se pode tirar é que, logo a seguir à implantação da República portuguesa, se a nível nacional se fizeram sentir as divergências políticas, tais divergências também se fizeram sentir a nível local. Os municípios e as comunidades locais, através das suas comissões administrativas, pretenderam incutir aos cidadãos o discurso político para a enraização dos valores e ideais republicanos, para uma promoção das mentalidades nos cidadãos e o fortalecimento das comunidades. A base geral foi o desenvolvimento pela instrução, apesar de ficar muito longe das expectativas. A instabilidade municipal foi também vivida, tal como a nível nacional, tendo sido um dos primeiros desafios as incursões couceiristas, pretendendo Paiva Couceiro a instauração de um monarquismo-consevador face aos ideários republicanos. Uma ideia que ficou vincada foi o alheamento dos municípios republicanos face ao mundo, ao exterior, como foi com o caso do desenvolvimento do fascismo italiano, ou com a ditadura espanhola. Não deixa de ser curioso, e de notar, que em alguns municípios a implantação da República foi vivida de modo indiferente, não só a nível oficial, sendo as transições do poder pacíficas, como igualmente por parte dos cidadãos. Tal situação deve-se ao facto de alguns municípios serem devedores da monarquia, isto é, num caso ou noutro o seu desenvolvimento deveu-se à monarquia. Uma outra ideia conclusiva que se pode tirar destes XIII Encontros de Outono é o facto de os monárquicos terem ganho algumas eleições em alguns municípios. É o caso paradigmático e concreto de Barcelos, em cujo município os monárquicos, em 16 anos de República, tiveram por cinco vezes no poder municipal! Um ponto comum e denominador em todos os municípios foi a alteração da toponímia, existindo, em alguns casos, a apropriação pelos republicanos da simbologia monárquica.