"Sabíamos que Pascoaes tinha viajado por espanha e que tinha amigos espanhóis, mas não imaginávamos a extensão deste volumoso epistolário. São várias dezenas os interlocutores, uma boa parte dos intelectuais espanhóis da época, com o resultado de mais de trezentas cartas (entre o mais nutrido elenco contam-se as cinquenta e quatro de Maristany e as dezanove de Unamuno) ao longo de quase meio século de correspondência. Começam cronologicamente em 1905 com as cartas de Unamuno, e pensamos que foi este quem o introduziu no círculo de amizade dos outros espanhóis. / Até 1913 não conhecemos o segundo interlocutor, um destacadíssimo iberista catalão, Ribera i Rovira. Depois, ininterruptamente até 1952, vão aparecendo mais e mais interlocutores, mais de setenta. É meio século de correspondência, na qual se destacam os intelectuais da periferia, galegos e catelães, como uma temática bastante monocórdica: nacionalismo, saudade-anyorança, paisagem, união cultural, atlantismo com a Galiza. Por outro lado, com a cortesia mais requintada impera o vaidoso interesse de ver publicadas, traduzidas ou comentadas as obras respectivas (quando é o caso). Um aspecto que subjaz a esta correspondência é a profunda admiração e respeito de todos os interlocutores que conheceram Teixeira de Pascoaes, destacando-se aqueles que o visitaram em Amarante (é o caso de Unamuno e Eugenio D`Ors, por exemplo). / Há nomes importantes entre os seus interlocutores: Unamuno, D`Ors, Ribera i Rovira, Noriega Varela, Díez-Canedo, Eugenio Montes, Cases-Carbó... (para não mencionar já Garcia Lorca ou Leopoldo Panero, ainda que minimamente representados neste epistolário."
Ángel Marcos de Dios
"Nós reproduzimos todas as cartas dos intelectuais galegos, mesmo que já tinham sido publicadas. No entanto, são cerca de duzentas cartas, de muitos outros intelectuais espanhóis ilustres, com sabor a inédito, e são também muitos os poemas que procurámos divulgar neste nosso volume. Estamos certos de que, ao fazê-lo, não só homenageamos o nosso autor como todos aqueles que, movidos pelo anseio de uma união espiritual ibérica, se dedicaram ao estudo e conhecimento da Literatura e Cultura portuguesas, permitindo, desta forma, não só uma maior aproximação cultural e fraterna entre Portugal e Espanha, como uma maior projecção do valor literário e humano do poeta Teixira de Pascoaes."
Lurdes Cameirão
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