domingo, 21 de novembro de 2010

merleau-ponty, a filosofia e o filósofo

  • "Se, na verdade, é a Cidade que ele [o filósofo] defende, não pode ser apenas uma Cidade nele, mas a Cidade existente à sua volta."
  • "O que caracteriza o filósofo é o movimento que leva incessantemente do saber à ignorância, da ignorância ao saber; e um certo repouso neste movimento..."
  • "O filósofo é o homem que desperta e fala, e o homem contém em silêncio os paradoxos da filosofia, porque, para ser plenamente homem, é preciso ser um pouco mais e um pouco menos do que homem."
  • "... o filósofo encontra, não o abismo do eu ou do saber absoluto, mas a imagem renovada do mundo, e nela a sua própria, entre os outros. A sua dialéctica ou a sua ambiguidade é apenas uma maneira de dizer aquilo que cada homem muito bem sabe: o valor dos momentos em que, efectivamente, a vida se renova, continuando, em que o seu mundo privado se torna mundo comum."
  • "O absoluto filosófico não se situa em parte alguma, nunca está algures, tem que ser defendido em cada acontecimento."
  • "... ironia filosófica, como se o seu silêncio e a sua reserva nela se reconhecessem, porque, desta vez, a palavra serve de libertação."
  • "A filosofia volta-se para a actividade simbólica anónima de que emergimos e para o discurso pessoal que em nós próprios se constrói, que somos nós próprios, perscruta aquele poder de espressão que os outros simbolismos se limitam a exercer. Em contacto com todos os factos e experiências, procura captar rigorosamente os momentos fecundos em que um sentido toma possa de si próprio, recupera e impede para além de qualquer limite o devir da verdade que pressupõe e faz que haja uma única história e um único mundo".
  • "O filósofo não afirma que é possível uma transcensão final das contradições humanas e que o homem total nos espera no futuro: como toda a gente, sobre isso nada sabe. Diz apenas - o que é completamente diferente - que o mundo teve um começo, que não devemos julgar o seu futuro pelo seu passado, que a ideia de um destino nas coisas é uma ideia mas uma vertigem, que as nosas relações com a natureza não estão fixadas de uma vez para sempre, que ninguém pode saber o que pode fazer a liberdade, nem imaginar como seriam os costumes e as relações numa civilização que não fosse perseguida pela competição e pela necessidade."
  • "O enigma da filosofia (e da expressão) está em que, por vezes, para si, para os outros e para a verdade, o caminho é o mesmo. São estes momentos que a justificam. É unicamente com eles que o filósofo conta. Ele nunca aceitaria estar contra os homens, nem os homens contra ele, ou contra a verdade, nem a verdade contra eles. Quer estar simultaneamente em toda a parte, correndo o risco de não estar nunca inteiramente em parte alguma."

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