domingo, 21 de novembro de 2010

dias

Hoje comemora-se o dia mundial da saudação. No dia 19 comemorou-se o dia mundial da Filosofia. Não queria que estas duas datas passassem-se despercebidas neste blog. A Filosofia, que começou com essa figura metafórica do espanto, hoje já não se espanta a si própria, nem com o mundo, nem se transcende a si própria. Contudo, a Filosofia sobrevive-se a si própria, commovimentos de rotação muito peculiares, com a intenção de voltar às origens, o questionamento do questionar o mundo na busca da cidade da verdade. O filósofo, esse ser estranho, ainda hoje assim cognominado, que procura a justiça no mundo, segundo dizem, mas não é apenas isso que busca, o filósofo, que na denominação de Merleau-Ponty, no livro que aqui divulgo com algumas citações, "que não é um ser inteiramente real", é, ao mesmo tempo, da realidade, superando-a, no espanto, porque o espanto do mundo o faz sobreviver em si com os outros, transcendendo-se a si próprio, na busca da luz entre a sensação (aisthesis), as opiniões (doxa), e a verdade (aletheia). Perante a cidade dos homens e de Deus, acrescento, na ideia de Ponty, a cidade da verdade, conseguida através do questionamento constante. O filósofo e a filosofia ajudam nessa descoberta, não havendo nenhuma conclusão, entre o passado e o presente dirigido ao futuro. Na existência de sermos, o espanto do mundo ainda faz falta para a sobrevivência da Filosofia, em diálogo constante com as outras sabedorias e conhecimentos. E do dia mundial da saudação colocarei uma série de postais, colecção editada pelo Museu Bernardino Machado, a propósito da cordealidade de Machado, o qual, nas "Notas dum Pai", considera a cordealidade como uma das maiores virtudes do ser humano! Num mundo sem referências, entre o que se diz de manhã e o que se diz ao fim do dia já não é a mesma coisa, onde não há um cumprimento, existindo a falta de respeito, a indiferença pelo outro, nada melhor do que divulgar esta colecção de postais para uma saudação aos que visitem este blog, para a cordealidade do humano seja uma realidade cada vez mais e encantatória para a superação dos dias. Estas caricaturas são de Manuel Monterroso e foram publicadas no jornal "Miau" em 28 de Janeiro de 1916.

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