quarta-feira, 13 de abril de 2011

singer e a ética




  • "Algumas pessoas pensam que hoje a moralidade está ultrapassada. Vêem a moralidade como um sistema de proibições puritanas desagradáveis, que foram concebidas sobretudo para impedir as pessoas de se divertirem. Os moralistas tradicionais alegam ser defensores da moralidade em geral, mas na verdade estão a defender um código moral específico. As pessoas permitiram que eles se apropriassem desta área a tal ponto que, quando lemos na manchete de um jornal BISPO ATACA A DECADÊNCIA DOS PADRÕES MORAIS, esperamos encontrar mais alguma coisa sobre promiscuidade, homossexualidade, pornografia e assim por diante, e não algo sobre as quantias insignificantes que doamos para o auxílio internacinal às nações mais pobres ou a nossa imprudente indiferença para com o meio ambiente do nosso planeta. / Assim, a primeira coisa a dizer sobre a ética é que esta não consiste num conjunto de proibições [...] / Em segundo lugar, a ética não é um sistema ideal que é nobre na teoria, mas que não tem qualquer importância prática. O inverso está mais próximo da verdade: um juízo ético sem importância prática tem de padecer também de um defeito teórico, já que a única finalidade dos juízos éticos é orientar a prática. [...] / Em terceiro lugar, a ética não é algo que seja inteligível apenas no contexto da religião. [...] A quarta e última tese sobre a ética que vou rejeitar é a de que a ética é relativa ou subkectiva. Pelo menos, vou rejeitar esta tese em alguns dos sentidos em que costuma ser entendida[....] / Para começar, consideremos a ideia muito difundida de que a ética é relativa à sociedade em que vivemos."(25-27)



  • "A primeira tentativa de distinguir aquilo que é ético daquilo que não é ético fracassou, mas podemos aprender com os nossos erros. Descobrimos que temos de admitir que aqueles que têm convicções éticas pouco convencionais também vivem de acordo com padrões éticos se acreditarem, por alguma razão, que está certo procederem dessa maneira... A ideia de viver de acordo com padrões éticos está ligada à ideia de defender o nosso modo de vida, de apresentar razões a seu favor ou de o justificar. Deste modo, as pessoas podem fazer todo o género de coisas que consideramos erradas, mas, se estão dispostas a defender e a justificar aquilo que fazem, então vivem de acordo com padrões éticos. Podemos julgar que a justificação é inadequada e sustentar que as acções são erradas, mas a tentativa de justificação, independentemente de ser ou não bem-sucedida, é suficiente para colocar a conduta das pessoas no domínio da ética. Quando, pelo contrário, as pessoas não podem avançar qualquer justificação para aquilo que fazem, podemos rejeitar a sua pretensão a viver de acordo com padrões éticos, mesmo que a sua conduta esteja em conformidade com os princípios morais convencionais." (31).






  • A Natureza da Ética



  • Além da Barreira da Espécie



  • Salvar e Tirar Vidas Humanas



  • Ética, Interesse Pessoal e Política

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