quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

amartya sen


"«No pequeno mundo em que as crianças vivem a sua existência», diz Pip no livro Grandes Esperanças, de Charles Dickens, "nada há que seja mais finamente percebido e sentido do que a injustiça». Quer-me realmente parecer que Pip tem toda a razão: depois do seu encontro humilhante com Estella, acorreu-lhe vivíssima a memória de como, enquanto criança, ele fora alvo de uma «coacção caprichosa e violenta» às mãos da sua própria irmã. Mas esta aguda percepção da injustiça evidente é algo que também acontece nos seres humanos adultos. O que nos toca, e é razoável que o faça, não é o darmo-nos conta de que o mundo fica aquém de um estado de completa justiça - coisa de que poucos têm esperança -, mas o facto de que, à nossa volta, existam injustiças manifestamente remediáveis e que temos vontade de eliminar. / Na nossa vida do dia-a-dia, isto torna-se muito claro diante de iniquidades ou subjugações de que possamos ser alvo e das quais tenhamos boas razões para nos podermos ressentir; mas é algo que também verificamos quando procedemos a um mais amplo diagnóstico da injustiça que se pode encontrar nesse mundo mais vasto em que todos vivemos." (9)
I
As Exigências da Justiça
II
Formas de Racionalidade
III
Os Materiais da Justiça
IV
Argumentação Pública e Democracia

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