quarta-feira, 10 de novembro de 2010

t. s. eliot



i)
Porque eu não espero voltar a conhecer
A glória enferma da hora positiva
Porque eu não penso
Porque eu conheço que não conhecerei
O único poder transitório verdadeiro
Porque eu não posso beber
Ali onde estão árvores, e onde há fontes, porque
nada existe uma outra vez



ii)
Porque eu sei que o tempo é sempre tempo
E o lugar é só e sempre só lugar
E o que é real só uma vez o é
E só nesse lugar
Alegro-me que as coisas sejam como são e
Renuncio ao rosto abençoado
E renuncio à voz
Porque eu não espero voltar mais
Isso me alegra já que tenho de ter algo
Que me alegre.


iii)
Se a última palavra se perde, se a palavra dita é dita
Se a palavra não ouvida, não falada,
Se a palavra não falada, não ouvida;
Tranquila é a palavra não dita, a Palavra de dentro
O mundo e para o mundo;
E a luz brilhou na escuridão e
Contra o Mundo o mundo inquieto ainda andava à roda
À volta do centro da Palavra silenciosa.




iv)
O tempo presente e o tempo passado
Estão talvez presentes, no tempo futuro
E o tempo futuro contido no passado.
Se todo o tempo está eternamente presente,
Todo o tempo é irrecuperável.
v)
O que chamamos o começo é muitas vezes o fim
E fazer um fim é fazer um começo.
O fim é donde começamos.

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