sábado, 17 de julho de 2010

infinitamente escrever

"Observo-me a escrever como nunca me observei a pintar, e descubro o que há de fascinante neste acto, na pintura, vem sempre o momento em que o quadro não suportra nem mais uma pincelada (mau ou bom, ela irá torná-lo pior), ao passo que estas linhas prolongar-se infinitamente, alinhando parcelas de uma soma que nunca será começada, mas que é, nesse alinhamento, já trabalho perfeito, já obra definitiva porque conhecida. É sobretudo a ideia do prolongamento infinito que me fascina. Poderei escrever sempre, até ao fim da vida..."
José Saramago, Manual de Pintura e Caligrafia

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