domingo, 20 de junho de 2010

saramago, a imortalidade


Digo adeus à crónica amarga, à decepção que é a vida neste canto do planeta, irremeidavelmente a minha terra (e não quero outra), e contemplo, do alto do jardim, a noite de verão, o rio luminoso, esta paz não aprendida. Sei que amanhã tudo será diferente, que escreverei a crónica adiada - arma da minha guerra contra as indiferenças e as abdicações -, mas não quero ser ingrato deste esplendor. Deixo cair os braços, deixo que entrem em mim os eflúvios, os aromas, os sons, a riqueza da noite. E respiro devagar, como se respirasse a imortalidade.
José Saramago




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