sexta-feira, 17 de junho de 2011

para uma eticidade social




"... tento desenvolver os princípios de uma teoria normativa e substancial da sociedade a partir da hipótese de trabalho hegeliana de uma «luta pelo reconhecimento». A intenção de um tal empreendimento deriva dos resultados a que conduzira a minah investigação sobre a «Crítica do Poder»: quem tentar integrar os avanços, ao nível da teoria da sociedade, dos escritos históricos de Michel Foucault num contexto da teoria da comunicação não poderá prescindir de um conceito da luta moralmente motivada.... A reconstrução sistemática da figura de argumentação hegeliana, que constitui a primeira parte do livro, conduz a uma distinção de três formas de reconhecimento, que contêm em si, por sua vez, o potencial de uma motivação de conflitos."


"A segunda parte principal, sistemática, do trabalho toma como ponto de partida, por isso, a intenção de dar à ideia hegeliana uma viragem empírica pelo recurso à psicologia social de G. H. Mead: deste modo, gera-se um conceito intersubjectivo da pessoa, no seio do qual se comprova a possibilidade de uma auto-relação não perturbada como estando dependente de três formas de reconhecimento (amor, direito, valorização). Para retirar à hipótese assim esboçada o seu carácter de mera teoria histórica, procuro justificar nos dois capítulos seguintes, com base nos fenómenos objectivos e sob a forma de uma reconstrução empiricamente sustentada, a distinção das diversas relações de reconhecimento: às três formas de reconhecimento correspondem, como o comprova uma revisão deste tipo, três tipos de desrespeito, cuja experiência poderá influir sempre como motivo de acção na génese de conflitos sociais."


"Como consequência deste segundo estádio de investigação delineia-se assima ideia de uma teoria crítica da sociedade, na qual se deverá explicar os processos da transformação social referentes às pretensões normativas estruturalmente ínsitas à relação de reconhecimento recíproco. Na última parte do livro, sigo as perspectivas que são abertas por este pensamento fundamental em três direcções observáveis: primeiramente é retomado o fio histórico-teórico para verificar em que autores, depois de Hegel, se encontram abordagens para um modelo de conflito comparável; a partir daí será possível retirar ilações sobre o significado histórico de experiências de desrespeito, que s epodem generalizar a tal ponto que a lógica moral dos conflitos sociais pode vir à luz do dia; porque só se pode alargar um tal modelo tornando-o um quadro de interpretação crítico para processos de desenvolvimento históricos, quando o seu ponto de referência normativo estiver clarificado, será esboçada por fim, num último passo, no plano da teoria do reconhecimento, uma concepção de eticidade..."


Axel Honneth



RECUPERAÇÃO HISTÓRICA

Luta pela auto-conservação: sobre a fundamentação da filosofia social moderna

Crime e eticidade: a nova abordagem de Hegel a partir da teoria da intersubjectividade

Luta pelo reconhecimento: sobre a teoria social da Realphilosophie de Hegel em Jena


ACTUALIZAÇÃO SISTEMÁTICA

A ESTRUTURA DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE RECONHECIMENTO


Reconhecimento e socialização: Mead e a transformação naturalista da ideia hegeliana

Modelos de reconhecimento intersubjectivo: Amor, Direito, Solidariedade

Identidade pessoal e desrespeito: violação, privação de direitos, degradação


A PERSPECTIVA DA FILOSOFIA SOCIAL

MORAL E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Traços de uma tradição da filosofia social: Marx, Sorel, Sartre

Desrespeito e resistência: sobre a lógica moral dos conflitos sociais

Condições intersubjectivas da integridade pessoal: um conceito formal de eticidade


O FUNDAMENTO DO RECONHECIMENTO. UMA RÉPLICA A QUESTÕES CRÍTICAS