terça-feira, 22 de junho de 2010

visões (algumas) saramaguianas
























levantado do chão




  • Todos os dias têm a sua história, um só minuto levaria anos a contar, o mínimo gesto, o descasque miudinho duma palavra, duma sílaba, dum som, para já não falar dos pensamentos, que é coisa de muito estofo, pensar no que se pensa, ou pensou, ou está pensando, e que +ensamento é esse que pensa o outro pensamento, não acabaríamos nunca mais. (59)
  • E a morte é uma grande rasoira que passa sobre o alqueire da vida e põe para fora o que está a mais, embora muitas vezes se não saiba que critérios são os dela... / Quer a vida, ou quem nela manda, de mando certo ou indiferente, que ao mesmo tempo se faça a educação profissional e a educação sentimental. Há erro evidente nesta acumulação, provavelmente forçada pela brevidade das vidas, que não dão para que cada coisa se faça em seu tempo e descanso, com o que não ganha o ter só e só perde o sentir. (61)
  • De tão pequenas coisas depende, como se sabe, a felicidade das pessoas. (62)
  • É que isto de amores, tanto desabrocham em solitários de cristal por trás das vidraças como florescem bravos carrapiteiros, só a linguagem é que difere. (67)
  • Quem mais ordena não é quem mais pode, quem mais pode não é quem mais parece. (119)
  • As raízes da árvore do conhecimento não escolhem terrenos nem se arreceiam de distâncias. (119)